Solar Visconde de São Lourenço
Solar do Visconde de São Lourenço, localizado na esquina da Rua do Riachuelo com a Rua dos Inválidos, no Centro, foi alvo de um curioso incidente em relação à preservação do Patrimônio histórico da cidade. Em decisão inédita, o órgão havia "destombado" o imóvel, o que permitiria a demolição e o uso do terreno para construção, colocando um ponto final em uma construção que começou no início do século XX
O abraço coletivo ao Solar, promovido pelo grupo SOS Patrimôni, reuniu moradores, transeuntes, empresários, autoridades e protetores do Patrimônio Histórico da Cidade. A manifestação pacífica pediu o cancelamento do ato que "destombava" o Solar, assim como sua restauração do imóvel, a exemplo de restaurações de sucesso no Centro da cidade.
O Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro e o CAU/RJ publicaram também nota de repúdio aos processos irregulares de destombamento e demolição de bens em território nacional, o que inclui o Solar Visconde de São Lourenço.
O Instituto suspendeu o cancelamento do Tombamento. A suspensão aconteceu em cumprimento à decisão judicial proferida pela juíza da 28ª Vara Federal do Rio de Janeiro nos autos de ação civil pública.
Ao "destombar" a construção, o IPHAN justificou na época em nota que "o cancelamento do tombamento (cogitado desde 2012) motivou-se pelo perecimento do bem, ou seja, a coisa que foi tombada por algum motivo deixou de existir, não cabendo mais a aplicação da proteção preconizada pelo decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, por falta de uma base material que justificava aquela atuação estatal".
A nota também dizia que "após analisar a situação minuciosamente, constatou a destruição do bem e a perda da materialidade dos atributos que motivaram sua proteção. A restauração não mais seria suficiente, cabendo apenas a reconstrução total do imóvel. Construir de novo (reconstruir) não é considerado aceitável em termos de conservação, pois não se poderia, no caso, recuperar a autenticidade dos atributos que se perderam".
O prédio segue tombado, porém uma restauração se faz urgente. A fachada encontra-se em completo estado de ruína. A parte interior do prédio, onde atualmente funciona um estacionamento, revela a falta de qualquer estrutura que possa garantir a segurança do imóvel.
O tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, em 1938, não o livrou da ruína, agravada por um incêndio na década de 1990 que o destruiu parcialmente. Após o incêndio, o imóvel foi desocupado e sofreu permanentes atos de vandalismo e destruição. Aos poucos as paredes internas desmoronaram misteriosamente, até restar somente parte da fachada.
Vizinhos do prédio chegaram na época a relatar que ouviam marretadas e o barulho de pessoas trabalhando na demolição do prédio sem serem incomodados pelo poder público ou qualquer representante do patrimônio.
Foram retirados o gradil em ferro do século XVIII-XIX, portais e telhas também centenárias. Até hoje não se sabe onde foram parar todos esses materiais antigos e nobres. A proprietária do imóvel disse na época não ter condições financeiras de arcar com as manutenções necessárias à segurança da construção.
A TV Folha do Centro produziu um Mini Documentário para registrar o acontecimento.
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